Publicado em: 05/03/2023

 

CONDROMALÁCIA PATELAR

A condromalácia patelar, também conhecida como condropatia patelar, é uma doença degenerativa que acomete a cartilagem da patela, o osso móvel localizado na frente do joelho. A cartilagem da patela é a cartilagem mais espessa do nosso corpo. A patologia é mais comum em mulheres jovens. A condromalácia é uma doença bastante comum nos consultórios de médicos ortopedistas especialistas em joelho.

CONDROMALÁCIA PATELAR

Condromalácia patelar é uma patologia da cartilagem que reveste a patela. A palavra condromalácia tem origem grega e é a junção das palavras chóndros ( cartilagem ) e malakós ( mole ). Condromalácia significa cartilagem amolecida. O amolecimento da cartilagem da patela é o que caracteriza a doença condromalácia, que deve ser diagnosticada e tratada precocemente para evitar sua evolução para artrose.

SÍNDROME PATELAR DOLOROSA

Na condromalácia patelar já existe algum grau de comprometimento da estrutura da cartilagem. Antes do dano estrutural, nas fases iniciais da doença, quando o paciente se queixa de dor e os exames mostram a cartilagem ainda íntegra, dizemos que o paciente sofre de síndrome patelofemoral ou síndrome patelar dolorosa.

CONDROMALÁCIA

O JOELHO humano é uma articulação de carga que suporta o peso do nosso corpo. A PATELA, na frente do joelho, age como o fulcro de uma poderosa alavanca. As forças que agem nessa alavanca do joelho dependem do peso da pessoa, do comprimento do fêmur ( osso da coxa ), do comprimento da tíbia ( osso da perna ), do grau de flexão articular, da área condral da patela e da distância da patela ao centro do joelho. Essa combinação de variáveis, segundo estudos de biomecânica, pode resultar na aplicação de forças comprimindo a patela contra o fêmur, no movimento de flexão, que podem atingir de 8 até 12 vezes o peso do corpo. Num movimento de agachamento, por exemplo, uma pessoa de 70 kg pode aplicar na superfície cartilaginosa da patela forças de até 560 kg. Não tem cartilagem que aguente essa carga toda com muita frequência e/ou por muito tempo. Inicialmente o tecido condral fica amolecido, caracterizando a primeira fase do dano estrutural. Condromalácia significa cartilagem amolecida. A cartilagem amolecida irá continuar o processo degenerativo se medidas não forem tomadas para impedir a sua progressão. A situação pode piorar rapidamente caso o paciente continue fazendo atividades que sobrecarregam os joelhos. Alterações anatômicas da articulação patelofemoral, como a inclinação patelar lateral excessiva ou a PATELA ALTA, podem piorar ainda mais o processo.

MOBILIDADE PATELAR

A patela apresenta alguma mobilidade dentro da tróclea femoral. Essa mobilidade não pode ser muito restrita nem muito grande. A mobilidade normal permite o deslocamento de cerca de 25% da superfície articular para os lados quando o joelho está estendido e a musculatura da coxa relaxada.

ALTURA DA PATELA

Alterações da altura da patela na tróclea femoral, condições clínicas conhecidas como PATELA ALTA ou patela baixa, alteram a biomecânica do joelho e podem sobrecarregar a patela, predispondo a cartilagem a desenvolver condromalácia.

ÂNGULO Q

O ângulo Q é ângulo formado pela linha de tração do músculo quadríceps femoral em relação à linha de tração do tendão patelar. O ângulo Q normal é de 14 graus nos homens e 17 graus nas mulheres. O ângulo Q é um pouco maior nas mulheres porque a pelve feminina é mais larga. Um ângulo Q aumentado indica tração lateralizada da patela na tróclea femoral, um dos fatores para o desenvolvimento da condromalácia patelar.

CAUSAS

A condromalácia pode se desenvolver em pessoas que fazem excesso de atividades físicas desde a juventude com o joelho, que tiveram algum traumatismo na região anterior do joelho ou que apresentam alterações anatômicas envolvendo a articulação patelofemoral. Mulheres que usam frequentemente sapatos de salto também podem desenvolver condromalácia. A condromalácia é mais comum nas mulheres provavelmente porque elas apresentam maior VALGISMO dos joelhos do que os homens. Fatores hormonais também parecem ter alguma relação para o desenvolvimento da condromalácia no sexo feminino. Pessoas que apresentam os pés planos, condição que aumenta o valgismo dos joelhos, podem desenvolver condromalácia patelar. O encurtamento da musculatura posterior da coxa, que pode ser avaliado pela medida do ÂNGULO POPLÍTEO, contribui para o desenvolvimento da condromalácia porque aumenta a pressão entre a patela e a tróclea femoral. A condromalácia também pode ser a complicação de uma imobilização prolongada do joelho.

ESTATÍSTICA

A condromalácia corresponde a cerca de 7,5% das consultas com o ortopedista generalista e 20% das consultas com o ortopedista especialista em joelho. A doença é mais comum em mulheres jovens, com menos de 35 anos de idade.

 

GRAUS DA CONDROMALÁCIA

O comprometimento da cartilagem, na condromalácia patelar, é dividido em quatro graus. A classificação depende do estudo da cartilagem patelar no exame de ressonância magnética do joelho. No grau I há amolecimento da cartilagem com irregularidades superficiais. No grau II existem irregularidades um pouco mais profundas, comprometendo até 50% da espessura da cartilagem. No grau III as irregularidades são mais profundas do que no grau II e mais de 50% da espessura da cartilagem está comprometida. No grau IV, que é o último grau, já existem áreas de osso subcondral expostas.

 

SINTOMAS

No início da doença o paciente sente DOR NA REGIÃO ANTERIOR DO JOELHO, normalmente relacionada com atividades que forçam os joelhos como subir e descer escadas, agachar, ajoelhar e atividades excessivas com impacto ou que exijam grande força. Também é comum a queixa de dor no joelho após ficar muito tempo sentado e depois se levanta. Com o passar do tempo a dor aumenta e um novo sintoma aparece: a CREPTITAÇÃO ARTICULAR.  ESTALOS, estalidos e rangidos no joelho são percebidos pelo paciente quando ele dobra e estica a perna. O joelho parece ficar crocante. Num grau mais avançado, além da dor e da crepitação, o paciente nota também o joelho inchado. A dor e a incapacidade para fazer atividades que exijam esforços com os joelhos aumentam à medida que a cartilagem fica mais comprometida.

CREPITAÇÃO ARTICULAR

A condromalácia patelar pode não provocar dor, nos seus graus iniciais, em alguns pacientes. O único sintoma, nesses casos, é a crepitação articular. Quando a dor aparece já há um comprometimento significativo da cartilagem. Joelhos com crepitação articular devem sempre ser avaliados por um especialista, mesmo que não apresentem dor. A crepitação articular é um sinal claro de que já existe algum grau de irregularidade na cartilagem.

 

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da condromalácia patelar é feito no exame de RESSONÂNCIA MAGNÉTICA do joelho. A ressonância é o exame que mostra a cartilagem com bastante definição. O especialista identifica as alterações condrais na patela, sua extensão e a sua classificação em graus I, II, III ou IV. 

ARTROSE PATELOFEMORAL

A condromalácia patelar pode evoluir para ARTROSE PATELOFEMORAL quando a cartilagem sofre dano estrutural irreversível. O tecido condral não tem capacidade de REGENERAÇÃO e os danos sofridos podem ser permanentes.

TRATAMENTO

O tratamento da condromalácia patelar depende de diversos fatores: aspecto da lesão, localização, grau, extensão e alterações anatômicas. Os graus iniciais podem ser tratados de forma conservadora, sem cirurgia, com repouso relativo, fisioterapia e anti-inflamatórios. As atividades físicas NÃO devem ser interrompidas, porém devem ser redirecionadas.

CIRURGIA

Nos graus mais avançados da condromalácia patelar pode haver necessidade de CONDROPLASTIA, a regularização cirúrgica da cartilagem. É um procedimento simples que pode ser feito por ARTROSCOPIA. Alterações anatômicas, que predispõem a cartilagem à sobrecarga excessiva, podem ser tratadas com a cirurgia de REALINHAMENTO PATELAR.

ÁCIDO HIALURÔNICO

A aplicação de medicamentos à base de ÁCIDO HIALURÔNICO  no joelho, procedimento conhecido como VISCOSUPLEMENTAÇÃO, é um excelente tratamento para a condromalácia patelar. A fisiologia da cartilagem muda com as aplicações e ela volta a ter a sua consistência natural. Assim como o uso da Medicina Regenerativa com o PRP.

SUPLEMENTOS

O suposto efeito condroprotetor, divulgado pelos laboratórios, nunca foi comprovado.

MUSCULATURA

Quem tem condromalácia patelar deve fazer exercícios para alongar e fortalecer os músculos da coxa. Mas uma coisa deve ser observada: os exercícios devem ser isométricos. Exercícios isométricos são aqueles em que a musculatura é contraída sem que haja movimento articular. Cadeira extensora, agachamentos livres, agachamentos com pesos e leg press, por exemplo, podem piorar a lesão da cartilagem da patela.

JOELHEIRAS

Pacientes com condromalácia patelar podem usar JOELHEIRAS porque elas auxiliam a não piorar a lesão na cartilagem.

CUIDADOS

Alguns cuidados devem ser tomados pelo paciente para que a doença não se agrave. Os principais cuidados são: não ficar muito tempo sentado com os joelhos fletidos, manter o peso corporal dentro da faixa de normalidade, evitar subir e descer escadas, evitar agachar, evitar ajoelhar e ter cuidado quando se sai da posição sentada para a posição de pé.

ESPECIALISTA

Um FISIOTERAPEUTA especialista em joelho deve sempre ser consultado quando o paciente sentir dor na região anterior do joelho. O diagnóstico precoce e o tratamento correto da condromalácia é fundamental para impedir a progressão da doença para a ARTROSE. 



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