Publicado em: 15/02/2023

 

CISTO DE BAKER

O cisto de Baker, também chamado de cisto poplíteo, é uma formação cística preenchida com líquido que se forma atrás do joelho. O líquido no interior do cisto é o líquido sinovial, que é o líquido lubrificante natural que temos dentro das nossas articulações. O cisto de Baker é uma causa frequente de dor e travamento no joelho. Os cistos podem ser inflamatórios ou estarem cheios de sangue. Os pacientes costumam ficar muito apreensivos com a presença de uma massa dolorida que apareceu e cresceu atrás do joelho. Em muitos casos o cisto é pequeno e assintomático e acabou sendo descoberto durante um exame de imagem que foi solicitado por outro motivo. O paciente descobre, lendo o laudo do exame, que ele tem um cisto no joelho. Cria-se o medo de que alguma coisa maligna, como um tumor ou câncer, possa estar se desenvolvendo na articulação. Felizmente o cisto de Baker é uma formação benigna e não há necessidade para preocupação.

CISTO DE BAKER

O cisto de Baker, ou cisto poplíteo, foi descrito pela primeira vez pelo cirurgião inglês Dr. William Morrant Baker em 1.877. Segundo os estudos do Dr. Baker, o cisto é formado pelo excesso de líquido produzido dentro do joelho com artrose. O líquido escapa pela parte de trás da articulação e forma um cisto que é percebido pelo paciente como um nódulo macio na região poplítea do joelho.

FORMAÇÃO DO CISTO DE BAKER

O cisto de Baker é formado pela produção excessiva de líquido sinovial no interior do joelho. Uma pequena bolsa sinovial, a bursa poplítea, localizada na região posterior do joelho, entre os ventres dos músculos vasto medial e semimembranáceo, costuma ser a origem do cisto de Baker. A bursa poplítea se comunica com a articulação do joelho e o cisto se forma quando essa comunicação passa a fazer o papel de uma válvula, permitindo fluxo de líquido sinovial para dentro da bursa, porém dificultando o retorno desse líquido para a cavidade articular. O cisto de Baker pode ter vários tamanhos, podendo chegar a ter 10 ou 12 centímetros de diâmetro. Eventualmente o cisto pode ser bilateral. A região posterior do joelho é conhecida anatomicamente como região poplítea. O cisto de Baker, por esse motivo, também é chamado de cisto poplíteo.

INFLAMAÇÃO E DEGENERAÇÃO

O cisto de Baker costuma se desenvolver em joelhos que apresentam processos inflamatórios e/ou degenerativos. Esses processos cursam com aumento da produção do líquido sinovial, que é o principal fator para o desenvolvimento do cisto. O excesso de líquido na articulação, devido à sinovite, deixa o joelho inchado. O termo para o acúmulo de líquido dentro de uma articulação é derrame articular. O cisto de Baker, para se formar, precisa de um derrame articular.

ANATOMIA PATOLÓGICA

Do ponto de vista anatomopatológico o cisto de Baker é um cisto ganglionar recoberto por células mesoteliais e fibroblastos. O fluido no seu interior é o líquido sinovial com alta concentração de fibrina. O interior do cisto pode apresentar lobulações com paredes que variam de 2 a 8 milímetros de espessura.

CAUSAS

Em adultos o cisto de Baker normalmente se forma devido a um problema intra-articular como artrite, artrose, lesão de cartilagem, lesão meniscal ou ligamentar. Traumatismos e doenças reumáticas, como a gota e a condrocalcionse, que provocam intensa inflamação da sinóvia e produção excessiva de líquido sinovial, também podem ser a causa da formação do cisto de Baker. Em crianças pequenas o cisto de Baker pode se formar sem que haja um problema intra-articular. Os pais ficam muito aflitos quando notam um inchaço atrás do joelho dos seus filhos. Na maioria das vezes o cisto de Baker é assintomático nas crianças. Atletas que submetem seus joelhos a grandes esforços também podem desenvolver cistos na região poplítea do joelho.

CISTO DE BAKER EM CRIANÇAS

O cisto de Baker em crianças é mais comum nos meninos entre 4 e 8 anos de idade. Normalmente aparece em apenas um dos joelhos. Os cistos poplíteos que se desenvolvem atrás dos joelhos das crianças aparentemente não têm causa, costumam ser assintomáticos e variam de tamanho durante o dia.

DOR ATRÁS DO JOELHO

O paciente com cisto de Baker percebe que existe uma bola ou caroço atrás do joelho, que pode doer com os movimentos da articulação e, em certos casos, causar rigidez (travamento). O cisto de Baker é uma das causas mais comuns de dor atrás do joelho. Cistos volumosos podem impedir a hiperflexão do joelho e causar formigamento na perna. Muitos pacientes não sentem dor e notam apenas um inchaço atrás do joelho. Há também um número significativo de pessoas que têm o cisto de Baker e não percebem a sua presença porque os cistos são muito pequenos e/ou indolores.

 

ROTURA DO CISTO DE BAKER

Existem casos onde cistos poplíteos volumosos se rompem e o líquido sinovial que ele continha extravasa para a fossa poplítea e panturrilha causando muita dor, vermelhidão e inchaço na perna. O quadro clínico nesses casos é semelhante ao de uma trombose venosa profunda ( TVP ). O cisto roto acaba sendo diagnosticado nos exames que são solicitados para diagnosticar a possível trombose. O cisto de Baker roto pode evoluir com complicações como a compressão do nervo tibial, o bloqueio da artéria poplítea e a síndrome compartimental da perna. A síndrome compartimental é uma emergência médica que precisa de cirurgia imediata para evitar necrose muscular e suas consequências. Cistos volumosos, resultantes de artrite séptica, quando se rompem, podem espalhar o processo infeccioso para fora da articulação do joelho. Essa é uma complicação rara e grave.

IDADE

Cistos de Baker podem surgir em pessoas de todas as idades, mas são mais comuns em pessoas acima de 30 anos. Esse grupo etário é mais propenso a desenvolver o cisto poplíteo porque apresenta maior incidência de doenças inflamatórias e degenerativas do joelho como a artrose. Cistos de Baker são comuns em mulheres da terceira idade que apresentam artrose nos joelhos.

EXAME FÍSICO

O paciente com suspeita de cisto de Baker no joelho deve ser examinado em decúbito ventral. Porém é mais fácil na prática clínica, quando o paciente fica na posição em pé. A região poplítea deve ser palpada com o joelho em extensão e flexões de 45 e 90 graus. Em extensão o cisto é palpado como uma massa arredondada, com bordas bem definidas, móvel e conteúdo fluido. O cisto tende a diminuir ou desaparecer com a flexão do joelho ( sinal de Foucher ). Essa manobra é importante para diferenciar os cistos de Baker de massas sólidas fixas, que não mudam de posição.

 

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

O cisto de Baker deve ser diferenciado de cisto parameniscal, tumor, aneurisma, lipoma, hérnia muscular, trombose venosa profunda e tromboflebite.

TRATAMENTO

O tratamento do cisto de Baker depende de vários fatores e o Fisioterapeuta especialista em joelho indicará o melhor tratamento para cada caso. Ele pode realizar a punção para aspirar o líquido sinovial e esvaziar o cisto. Corticóides podem ser injetados no cisto, após a punção aspirativa, para diminuir o processo inflamatório e a formação de líquido sinovial. Naqueles casos onde o cisto é causado por uma lesão intra-articular, como uma lesão meniscal ou condral, o tratamento será uma cirurgia para corrigir a lesão que está provocando a formação cística. Essas cirurgias podem ser feitas por artroscopia. Em crianças pequenas o tratamento costuma ser apenas o acompanhamento periódico, uma vez que os cistos tendem a desaparecer sozinhos, com o crescimento, não havendo necessidade de um tratamento específico.

PREVENÇÃO

Não existe prevenção específica para o cisto de Baker, uma vez que o seu desenvolvimento está ligado à presença de patologias e/ou lesões que cursam com o aumento da produção do líquido sinovial.

ESPECIALISTA

Pacientes com suspeita ou diagnóstico de cisto de Baker devem ser avaliados por um Fisioterapeuta especialista em joelho. O cisto de Baker não é um tumor maligno nem coloca a vida do paciente em risco, porém a sua presença indica que existe alguma coisa errada dentro do joelho. A patologia responsável pelo desenvolvimento do cisto precisa ser diagnosticada e tratada corretamente.

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